Mitos - lendas - fábulas - contos populares

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sexta-feira, 28 de março de 2008

 

Todos os mitos são históricos?

Quer se procure Jesus ou o rei Artur históricos, a Atlântida ou Tróia, há séculos que a possibilidade de todas estas histórias e personagens míticas basearem-se em acontecimentos históricos identificáveis exerce um enorme fascínio nas pessoas.

Este conceito, denominado "alegoria histórica", não é recente, remontando a uma explicação muito antiga para a origem dos mitos - a noção de que todos começaram com pessoas e acontecimentos reais. Com a passagem do tempo e o recontar das histórias, os acontecimentos e as pessoas envolvidas começaram a ficar distorcidas e envoltos em lendas.

Uma das primeiras pessoas a sugerir que todos os mitos se baseavam em pessoas e acontecimentos reais foi um erudito grego chamado Evémero (que viveu em finais de 300 e princípios de 200 a.C.). À semelhança de "As viagens de Guliver" gregas, a sua "História Sagrada" descrevia a viagem que Evémero afirmou ter empreendido a três ilhas fantásticas no Oceano Índico. Numa dessas ilhas chamada Pancaia, Evémero afirmou ter encontrado inscrições antigas escritas pelo próprio Zeus. Evémero insistia que descobrira estas inscrições numa coluna dentro de um templo dourado da ilha.

As inscrições provavam, segundo Evémero, que Zeus e os outros deuses da Grécia se baseavam todos num antigo rei da ilha de Creta. Para Evémero, os deuses do Olimpo e outras personagens dos mitos helénicos eram todos heróis e conquistadores reais que haviam sido deificados, e afirmava ser capaz de documentar toda a história primitiva do mundo a partir destas inscrições.

Embora a história que Evémero contava fosse obviamente uma obra de ficção, a sua ideia de que todos os deuses eram representações de pessoas com uma existência real foi, durante séculos, bastante influente, propagando-se até à era cristã.
A crença de que todos os mitos gregos se baseavam em acontecimentos verdadeiros foi usada pelos primeiros cristãos para rejeitar o que apelidavam de mitologia pagã como uma mera invenção humana.

Por outras palavras, os cristãos argumentavam que os deuses gregos - mais tarde adoptados pelos Romanos - não eram nem um pouco divinos, e toda a gente deveria reconhecer o único deus verdadeiro cristão.

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segunda-feira, 10 de março de 2008

 

O Impulso de criar Mitos

Em todo o lado as pessoas adoram - ou talvez precisem - de criar uma boa história. E se os pormenores se alterarem um pouco ao serem relatados, qual é o problema? Quem é que nunca embelezou ligeiramente a sua biografia ou distorceu um pouco a verdade com uma pitada de dramatismo para tornar mais interessante um encontro no supermercado ou uma discussão com o chefe?
Muitas vezes, estas histórias alteram-se de cada vez que são contadas. Sempre assim foi e, num sentido mais lato, os mitos de cada cultura incluem todos estes tipos de "histórias" - lendas, fábulas, contos populares e contos de fadas - para compor uma visão alargada do mundo.
Porém, a questão essencial mantém-se: de onde vêm estas histórias? Inspirar-se-ão todas - como é provavelmente o caso do rei Artur e de São Jorge - em alguma pessoa ou acontecimentos reais? Ou serão todas estas histórias míticas apenas o produto da imaginação humana?
Já em 525 a. C., um grego chamado Teógenes, que viveu no sul da Itália, identificou os mitos como analogias ou alegorias científicas - uma tentativa de explicar acontecimentos naturais que as pessoas não conseguiam entender. Para Teógenes, por exemplo, as histórias míticas de deuses em combate entre si eram alegorias que representavam as forças da natureza que se opõem umas às outras, tal como o fogo e a água.
Essa é claramente a origem de muitos mitos explicativos ou "causais", começando com os relatos encontrados em todas as sociedades ou civilizações que explicam a criação do universo, do mundo e da humanidade. Estes mitos "científicos" tentavam explicar as estações do ano, o nascer e o pôr do Sol, o curso das estrelas.
Mitos como estes constituíram, de alguma forma, os percursores da ciência. As antigas explicações míticas para o funcionamento da natureza começaram a ser substituídas por uma tentativa racional de compreender o mundo, em especial durante a extraordinária era da ciência e filosofia grega que se iniciou por volta de 500 a.C.

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